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Memórias sentimentais de João Miramar, este clássico de Oswald de Andrade (1890-1954), pode ostentar, verdadeiramente, o qualificador de clássico por se manter vivo e atual, mesmo após pouco mais de cem anos de sua publicação original, em 1924. Em Miramar há um prefaciador que é, no caso, um sujeito ficcional — Machado Penumbra — talvez uma crítica velada (na penumbra...) ao outro Machado, o de Assis, fundador da Academia Brasileira de Letras, num gesto ambíguo entre a paródia ao discurso acadêmico do “bem falar” e a reverberação de uma certa linhagem de memórias, especialmente as de Brás Cubas, em chave reversa à do autobiográfico e centrada na própria escrita como o seu “ter-lugar”. (Maria Rosa Duarte)
Oswald de Andrade (1890–1954), nome central da Semana de Arte Moderna de 1922, foi acima de tudo um poeta-inventor. Embora em suas memórias tenha se auto demoninado “um homem sem profissão”, trabalhou como jornalista, iniciando a vida adulta como redator e crítico no Diário Popular, em 1909. Em 1911, deixou o jornal e, com a ajuda de seus pais, fundou O Pirralho, periódico semanal satírico que publicava assuntos de política, literatura e crônicas sociais, e que circulou até 1917. Uma das colunas n’O Pirralho, “As Cartas d'Abax'o Piques”, escrita em linguagem paródica num dialeto ítalo-paulista, era assinada por Juó Bananère. É nesse momento que Oswald começa a experimentar uma escrita nova que fundia poesia, prosa, memória e jornalismo numa almálgama que ainda recebia influências das vanguardas europeias. De todas as obras da bibliografia oswaldiana, memórias sentimentais de joão miramar é uma das mais radicais. A gênese dessa radicalidade linguística está no diário coletivo O perfeito cozinheiro das almas deste mundo, um livro de ponto que continha desabafos, recados, xingamentos, declarações, brincadeiras e diálogos, além de desenhos e caricaturas de todos que visitavam a Garçonnière, um pequeno apartamento que Oswaldo alugou na Rua Líbero Badaró e era frequentada por seus amigos, Guilherme de Almeida, Monteiro Lobato, Menotti del Picchia, entre outros, e por uma estudante normalista chamada Maria de Lourdes Castro Pontes (mais conhecida pelos apelidos “Miss Cyclone”, “Deisi”, “Tufão”), com quem quem Oswald viveu um tórrido romance. N’O perfeito cozinheiro das almas deste mundo Oswald assinava seus textos e anotações com o pseudônimo de “Garoa”, “Irmão Garoa” e “Miramar”, sendo este último o nome que deu ao protagonista de memórias sentimentais de joão miramar. 1917, o ano da Revolução Russa, que refletiu ares de mudança em todas os vanguardistas, também foi o ano que o repórter Oswald conheceu Mário. Daí para diante, todo mundo conhece a história que os dois Andrades contruiram juntos.