Autor: Octavio Paz
84 págs – 13×20 cm
ISBN 978-65-85570-20-6
Piedra de Sol constitui um dos textos centrais da produção poética paziana. Escrito durante alguns meses no ano de 1957, no México, o texto revela um ambicioso projeto poético-estético de Octavio Paz, excepcionalmente bem-sucedido, fruto de sua maturidade como homem e como poeta. Convém enfatizar a dinâmica circular do poema. Esta circularidade, que seria retomada por Paz em Blanco (1966), é estipulada pela repetição, no final do poema, de seus primeiros cinco versos, trecho que, significativamente, termina em dois pontos, na metade do sexto verso —sugerindo, assim, continuidade. Tal dinâmica circular vê-se plenamente explicitada quando consideramos o objeto que empresta o nome ao poema: a gigantesca “Piedra de Sol”, estela-calendário da civilização asteca. À imagem e semelhança de um calendário, cuja ideia mesma pressupõe a repetição e cuja função é organizar num continuum mensurável pelo homem o devir temporal, o poema volta-se sobre si e conjuga-se cíclica e infinitamente. Como revela o poeta, o número de versos do poema corresponde intencionalmente ao número de dias que estruturam a periodização do ano para algumas das civilizações meso-americanas, entre as quais a maia e a asteca, organizado em torno à evolução do planeta Vênus, cuja conjunção com o sol ocorre a cada 584 dias. Vênus, por sua vez, corresponde ao deus Quetzalcóatl, a Serpente Emplumada, regente do segundo Sol ou ciclo histórico-mítico asteca. Cabe recordar-nos que cada um desses ciclos compunha-se de 52 anos venusianos, ao final dos quais — e a depender do comportamento dos humanos, de sua compunção ou de sua fidelidade aos rituais e sacrifícios ancestrais — voltava o universo — ou, mais exatamente, o Sol — a inventar-se na primeira manhã do ciclo iniciante.
Sobre o autor
Octavio Paz Lozano (1914-1998), poeta, ensaísta, tradutor e diplomata mexicano, é considerado um dos maiores escritores do século XX e um dos grandes poetas de língua espanhola de todos os tempos. Paz nasceu e morreu na Cidade do México. Viveu a infância nos Estados Unidos, morou na Espanha e em Paris, cidade onde testemunhou e viveu o movimento surrealista, por influência de André Breton, de quem foi amigo. Nessa época, experimentou a escrita automática, praticando uma poesia ainda vanguardista, porém concisa e objetiva, voltada ao uso mais preciso da função poética. Como diplomata, viveu também no Japão e Índia, culturas que influenciaram profundamente sua produção teórica e sua atividade como tradutor-criador. Em 1950, escreveu O Labirinto da Solidão, uma investigação histórico-antropológica sobre seu país, que se tornou uma obra clássica. Em 1956, publicou O Arco e a Lira, ensaio sobre a origem e a natureza da poesia. Pedra e Sol, seu primeiro grande poema, de 1957, é uma extensa meditação poética sobre os temas que acompanharam o poeta desde sua juventude: memória e história, amor e erotismo, o Ocidente e o Oriente e a essência da criação. Entre outros livros de Octavio Paz destacam-se Libertad bajo palabra (1949), Blanco (1967), El mono gramático (1974), La Otra Voz (1990). Traduziu Matsuo Basho e Fernando Pessoa. Em 1990, foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura.